Comprar casa é, para muitas pessoas, um dos maiores compromissos financeiros da vida. A decisão deve ser tomada com base num planeamento rigoroso, sobretudo ao nível do orçamento mensal. Afinal, trata-se de um encargo fixo que vai acompanhar o teu dia a dia durante anos — ou até décadas.
Se estás a pensar dar este passo, é fundamental saber como organizar o teu orçamento de forma realista, responsável e sustentável. Neste artigo, explicamos tudo o que deves considerar antes de te comprometeres com um crédito habitação.
Porque é importante rever o orçamento antes de comprar casa?
O crédito habitação é uma das principais despesas fixas no orçamento das famílias portuguesas. Por isso, a decisão de comprar casa não deve ser tomada apenas com base no valor da prestação mensal. Há muitos outros custos associados — desde impostos e seguros a manutenção ou despesas com a escritura.
Rever o orçamento mensal permite:
- Avaliar se tens capacidade financeira para suportar o crédito;
- Identificar onde podes cortar despesas para aumentar a tua poupança;
- Estimar quanto podes pagar por uma casa sem comprometer a estabilidade financeira;
- Evitar o sobre-endividamento ou incumprimentos futuros.
Faz um diagnóstico financeiro do teu orçamento mensal
Antes de tudo, tens de perceber quanto dinheiro entra e sai todos os meses. Isto parece simples, mas muitos de nós não sabem ao certo para onde vai o dinheiro.
Lista os teus rendimentos
Inclui todos os rendimentos líquidos mensais, como:
- Salário
- Subsídios regulares (alimentação, transporte, etc.)
- Rendas de imóveis (se aplicável)
- Pensões, prestações sociais ou outros apoios
Regista todas as tuas despesas
Separa por categorias:
- Despesas fixas: renda/condomínio, água, luz, gás, telecomunicações, seguros, mensalidades
- Despesas variáveis: supermercado, transportes, lazer, refeições fora
- Poupança: inclui também a poupança como uma “despesa obrigatória”
- Dívidas/créditos existentes: cartão de crédito, crédito pessoal, automóvel, etc.
No final, deves perceber qual é o saldo disponível todos os meses e onde há margem de manobra para ajustes.
Define quanto podes destinar à prestação do crédito
Como regra prática, a prestação do crédito habitação não deve ultrapassar 35% do rendimento líquido mensal. Isto significa que, se ganhas 1.500€, o valor da prestação ideal não deve ser superior a 525€.
No entanto, é sempre recomendável que fiques abaixo deste limite, especialmente se tiveres outros créditos ou encargos fixos.
Dica: Utiliza simuladores de crédito habitação (como os do Banco de Portugal ou portais de comparação) para estimar quanto podes pedir, em função do teu rendimento e prazo pretendido.
Considera todos os custos associados à compra de casa
O valor da casa não é o único custo que vais enfrentar. Há um conjunto de encargos iniciais e recorrentes que deves incluir no teu planeamento.
Encargos iniciais
- Entrada inicial: geralmente 10% a 20% do valor do imóvel (os bancos raramente financiam 100%)
- IMT (Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis)
- Imposto do selo
- Comissão de abertura de crédito
- Escritura e registos
- Avaliação bancária do imóvel
Estes valores podem representar vários milhares de euros. Deves poupar com antecedência para fazer face a estes encargos sem recorrer a crédito pessoal.
Encargos mensais adicionais
- Seguro multirriscos obrigatório
- Seguro de vida (muitas vezes exigido pelo banco)
- Condomínio, se aplicável
- IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis)
- Manutenção ou pequenas obras
Reforça a tua poupança antes de avançar
Se ainda estás longe da compra, este é o momento ideal para criar (ou reforçar) o teu fundo de emergência e de entrada para a casa.
Define um objetivo de poupança mensal realista e automático. Por exemplo, transfere 10% do salário para uma conta à parte assim que recebas o ordenado.
Objetivo mínimo: juntar pelo menos 10% a 15% do valor do imóvel + 5.000€ para custos administrativos e imprevistos.
Reduz ou elimina dívidas antes de pedir crédito habitação
Se tens créditos em curso, considera pagá-los antes de te candidatares a um crédito habitação. Um histórico de crédito “limpo” melhora a tua taxa de esforço e aumenta a probabilidade de aprovação do financiamento, em condições mais vantajosas.
Além disso, reduz a pressão sobre o teu orçamento mensal.
Analisa diferentes cenários e prepara-te para imprevistos
Mesmo com tudo planeado, a vida muda: pode haver uma quebra de rendimento, subida das taxas de juro ou despesas inesperadas. Por isso, é fundamental garantir uma margem de segurança no teu orçamento.
Cria um fundo de emergência com, pelo menos, 3 a 6 meses de despesas fixas, para poderes fazer face a situações adversas sem recorrer a crédito.
Comprar casa não é só escolher a localização ou a decoração. É um processo que exige um planeamento financeiro detalhado, com base num orçamento mensal realista e bem estruturado.
Organiza as tuas finanças, define metas claras, reforça a tua poupança e compara propostas de crédito com calma. Lembra-te de que o mais importante é garantir que a tua casa será uma fonte de estabilidade — e não de stress financeiro.
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