No início de 2025, a procura por crédito habitação voltou a ganhar força em Portugal. De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal, o primeiro trimestre registou um aumento expressivo na concessão de novos créditos para compra de casa.
Mas o que explica este crescimento, num contexto ainda marcado por incertezas económicas? E como pode esta tendência impactar os consumidores e o mercado imobiliário?
Neste artigo, exploramos em detalhe o que está por trás deste fenómeno, as implicações para as famílias portuguesas e o que esperar nos próximos meses.
Um Crescimento Surpreendente: Os Números Que Importam
Segundo o Banco de Portugal, só nos primeiros três meses de 2025, foram concedidos mais de 3,5 mil milhões de euros em crédito habitação. Este valor representa um crescimento de aproximadamente 12% face ao mesmo período do ano anterior.
Apesar de as taxas de juro ainda se manterem em níveis relativamente elevados, os portugueses parecem mais confiantes na hora de avançar com a compra de casa.
Aliás, este é o maior volume de crédito habitação concedido num primeiro trimestre desde 2022.
Porque Está a Aumentar a Procura?
Há vários fatores que podem ajudar a explicar esta tendência. Vamos analisá-los um a um:
1. Expectativas de Descidas nas Taxas de Juro
Nos últimos meses, os mercados financeiros têm antecipado cortes nas taxas diretoras do Banco Central Europeu. Esta perspetiva está a gerar maior otimismo entre os consumidores.
Muitos portugueses acreditam que, ao contratar agora um crédito habitação, poderão beneficiar de melhores condições no futuro próximo, com prestações mensais mais baixas.
2. Estabilização dos Preços no Mercado Imobiliário
Depois de anos de subidas consecutivas, os preços das casas começaram a mostrar sinais de estabilização. Esta pausa tem incentivado quem estava à espera da “altura certa” para comprar.
Em várias zonas do país, nomeadamente no interior e em algumas periferias das grandes cidades, surgem agora oportunidades mais atrativas.
3. Apoios Públicos e Incentivos Fiscais
O Governo tem vindo a reforçar os programas de apoio à compra da primeira habitação, sobretudo para jovens. Exemplos disso são os incentivos fiscais, as garantias públicas e os programas municipais de apoio à habitação acessível.
Estes mecanismos tornam o acesso ao crédito mais fácil e ajudam a reduzir o valor de entrada exigido.
Quem Está a Pedir Crédito?
Ainda que o aumento da procura seja generalizado, existem perfis de consumidores que mais se destacam.
Jovens Adultos à Procura da Primeira Casa
A faixa etária entre os 25 e os 35 anos é a que mais recorreu ao crédito habitação neste início de ano. Muitos estão a sair de casa dos pais ou a formar família, procurando estabilidade e independência.
Casais à Procura de Melhores Condições
Há também um número crescente de casais que trocam a sua habitação atual por outra com melhores condições, como mais espaço, localização mais central ou acesso a transportes e serviços.
Investidores Cautelosos
Embora em menor número, continuam a existir investidores que recorrem ao crédito para adquirir imóveis com o objetivo de arrendamento. Estes compradores mantêm uma postura mais cautelosa, avaliando com detalhe o retorno potencial do investimento.
Impacto nos Bancos e no Mercado
O aumento na concessão de crédito tem impactos diretos e indiretos.
Para os Bancos
Este crescimento é positivo para a banca, pois o crédito habitação é uma das principais fontes de receita. Além disso, com a digitalização dos processos, os custos operacionais reduziram, tornando o negócio ainda mais atrativo.
Contudo, os bancos também reforçaram os critérios de avaliação de risco, para evitar situações de incumprimento em caso de subida de taxas ou quebra do rendimento familiar.
Para o Mercado Imobiliário
Mais crédito significa mais procura. E mais procura, em princípio, pode voltar a pressionar os preços. Ainda assim, a capacidade financeira das famílias e a oferta disponível vão continuar a ser fatores limitadores.
Cuidados a Ter Antes de Contratar um Crédito
Antes de avançar com a contratação de um crédito habitação, é fundamental ter em conta alguns aspetos importantes:
- Taxa de juro fixa ou variável: escolha o tipo de taxa que melhor se adequa ao seu perfil de risco.
- MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor): compare o custo total do crédito, não apenas a prestação mensal.
- Seguros e comissões: leia atentamente todas as condições associadas.
- Capacidade de endividamento: evite comprometer mais de 30-35% do rendimento familiar.
Ferramentas Que Podem Ajudar
A boa notícia é que hoje existem várias plataformas e simuladores online que permitem comparar propostas de diferentes bancos. Algumas delas incluem:
- ComparaJá
- Doutor Finanças
- Unibanco
Estas ferramentas permitem poupar tempo e tomar decisões mais informadas, com base em critérios objetivos.
Perspetivas Para o Resto de 2025
Tudo indica que a tendência de subida poderá manter-se ao longo do ano. A confirmar-se uma descida nas taxas diretoras do BCE, o crédito poderá tornar-se mais barato, aumentando ainda mais a procura.
No entanto, é provável que os bancos continuem a ser cautelosos, avaliando com maior rigor os pedidos de financiamento.
Por outro lado, a escassez de habitação acessível em algumas zonas urbanas poderá limitar o número de transações, mesmo com mais crédito disponível.
Uma Nova Fase no Mercado
O crescimento da procura por crédito habitação no 1.º trimestre de 2025 marca uma nova fase no mercado português. Após um período de hesitação, os consumidores parecem mais confiantes e dispostos a investir na compra de casa.
Com o apoio das políticas públicas, a estabilização dos preços e as expectativas de melhores condições de financiamento, tudo aponta para um ano dinâmico.
No entanto, é crucial manter a prudência e garantir que as decisões financeiras são bem informadas. Afinal, comprar casa é um dos compromissos mais importantes na vida de qualquer família.
Acompanhe o mercado, compare propostas e faça uma escolha consciente. A sua estabilidade financeira começa por aqui.
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