Se já tentaste contratar um crédito habitação ou pessoal, é provável que te tenhas deparado com expressões como spread, Euribor, TAEG ou MTIC. Para quem não está familiarizado com o vocabulário do setor financeiro, estes termos podem parecer complexos. No entanto, entender o que significam é essencial para fazer escolhas informadas e evitar surpresas desagradáveis no futuro.
Neste guia, vamos explicar de forma clara e prática o significado dos principais conceitos usados nas finanças pessoais, especialmente no contexto de crédito. Este conhecimento pode ser decisivo para que tomes decisões mais conscientes, protegendo o teu orçamento a médio e longo prazo.
Porque é importante conhecer estes termos?
Quando contratamos um crédito — seja habitação, automóvel ou pessoal — estamos a assumir um compromisso financeiro por vários anos. Termos como TAEG ou spread têm impacto direto no valor que vais pagar todos os meses e no custo total do crédito. Perceber estas expressões ajuda-te a:
- Comparar propostas de forma justa;
- Evitar encargos desnecessários;
- Identificar ofertas que parecem boas, mas escondem custos elevados;
- Negociar melhores condições com o banco ou instituição financeira.
O que é o Spread?
O spread é a margem de lucro que o banco aplica ao crédito que te concede. É um valor percentual fixo que acresce à taxa base (geralmente a Euribor) para calcular a taxa de juro que efetivamente vais pagar.
Fórmula simplificada:
Taxa de juro do crédito = Euribor + Spread
Por exemplo, se a Euribor estiver a 2% e o banco aplicar um spread de 1,2%, a tua taxa de juro será 3,2%.
O spread varia de banco para banco e pode depender de vários fatores:
- O teu perfil de risco (rendimento, estabilidade laboral, histórico de crédito);
- O montante financiado e o valor da entrada inicial;
- A contratação de outros produtos (seguros, domiciliação de ordenado, cartão de crédito).
Dica importante: quanto mais baixo for o spread, mais barato será o teu crédito. Mas atenção às vendas associadas que, por vezes, encarecem o custo final.
O que é a Euribor?
A Euribor (Euro Interbank Offered Rate) é a taxa de juro média a que os bancos da zona euro emprestam dinheiro entre si. É usada como referência para determinar a taxa de juro variável dos créditos habitação.
Existem várias versões da Euribor (a 3, 6 ou 12 meses), sendo a de 6 meses a mais comum em Portugal.
Como a Euribor é uma taxa variável, ela pode subir ou descer ao longo do tempo. Isso significa que as tuas prestações mensais também podem aumentar ou diminuir — dependendo da evolução do mercado.
Exemplo:
Se contrataste um crédito habitação com Euribor a 6 meses + spread de 1,5%, e a Euribor passar de 1% para 3%, a tua taxa de juro sobe de 2,5% para 4,5%.
Por isso, é fundamental considerar este risco antes de escolher uma taxa variável.
O que é a TAEG?
A TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) representa o custo total do crédito por ano, incluindo:
- Juros (Euribor + spread);
- Comissões bancárias;
- Seguros obrigatórios;
- Outros encargos associados.
Ao contrário do spread ou da Euribor, que dizem respeito apenas à taxa de juro, a TAEG permite-te comparar diferentes propostas de crédito de forma mais justa, porque já tem todos os custos incluídos.
Quanto mais baixa for a TAEG, mais barato será o crédito.
Exemplo prático:
Dois bancos oferecem o mesmo spread, mas um tem comissões mais elevadas. A proposta com a TAEG mais baixa será, provavelmente, a mais vantajosa a longo prazo.
E o MTIC?
Outro termo que deves conhecer é o MTIC — Montante Total Imputado ao Consumidor. Representa o valor total que vais pagar durante todo o contrato de crédito, incluindo:
- Capital financiado;
- Juros;
- Comissões;
- Seguros.
É o número que te diz exatamente “quanto custa o crédito” do início ao fim. É especialmente útil para perceberes o impacto de escolher prazos mais longos: a prestação mensal pode ser mais baixa, mas o MTIC será maior.
Como usar esta informação nas tuas decisões financeiras?
Agora que compreendes os principais termos associados ao crédito, eis algumas boas práticas no contexto das tuas finanças pessoais:
1. Compara sempre propostas com base na TAEG e no MTIC
Não te fiques apenas pela prestação mensal ou pelo spread. Olha para o custo total.
2. Simula diferentes prazos e cenários
Se optares por um prazo mais curto, vais pagar menos juros — mas a prestação será mais elevada. Encontra o equilíbrio certo para o teu orçamento.
3. Considera o impacto da Euribor em taxas variáveis
Estás confortável com a possibilidade de a tua prestação aumentar? Se não, considera uma taxa fixa ou mista.
4. Negocia com o banco
Mesmo que o banco te apresente uma proposta inicial, há margem para negociar o spread e alguns encargos, especialmente se fores um cliente com bom perfil de risco.
Entender os conceitos de spread, Euribor, TAEG e MTIC é fundamental para tomar decisões informadas no universo das finanças pessoais. Estes termos, longe de serem apenas “palavras de banco”, têm um impacto real no teu bolso — e podem representar milhares de euros ao longo dos anos.
Se estás a pensar contratar um crédito, seja para comprar casa, carro ou consolidar dívidas, lê bem as condições, compara propostas e não te deixes guiar apenas por prestações aparentemente baixas. Uma escolha consciente hoje pode garantir uma maior tranquilidade financeira no futuro.
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